anunciad

sábado, 11 de agosto de 2012

A CORAGEM DE SER VOCÊ MESMO


 

Tenho uma amiga de infância que casou com um cara rico. Foi morar numa cidade pequena. Teve dois filhos, logo cedo, antes dos 30. Abriu mão da carreira. Foi fazer o que muitas mulheres ainda fazem: depender economicamente do marido, assumir outros papeis dentro do casamento que não o de ganhar dinheiro, abdicar de se realizar profissionalmente em nome de cuidar da casa e dos filhos e, sei lá, das unhas dos pés.

Tenho uma outra amiga de adolescência que também casou com um cara rico. (Outro cara rico, não o mesmo, bem entendido.) Teve um filho, também cedo. Um casamento daqueles comemorados pela família da noiva, porque ela estaria “bem encaminhada” na vida virando mulher de um sujeito herdeiro de um negócio sólido. Como se negócios sólidos não desmoronassem. Como se casamentos pudessem assegurar um futuro a alguém.

Minha primeira amiga, com o tempo, renunciou aos confortos a que fazia jus e se separou do maridão. Deixou para trás a cidade pequena, onde provavelmente vivia como uma rainha, ainda que isolada de tudo, talvez até de si mesma, e voltou para a sua cidade, com os dois filhos pela mão. Seu pai havia morrido. Então o ninho que a esperava não era mais tão confortável quanto outrora. Ela batalhou. Mãe solteira. Se virou, abriu um negócio, cresceu, abriu uma filial. E hoje flana pela vida com um sorrisão bonito, com seus grandes olhos azuis cheios de fé no futuro, de apostas na alegria, de orgulho de ter tido a coragem de optar por si mesma. Eu a reencontrei depois de muitos anos e como que a redescobri. E passei a nutrir um amor grande por ela, um afeto de irmão, sincero, profundo, de quem torce muito a favor, de quem quer saber se está bem, de quem está pronto para ajudar se for preciso.

Minha amiga da adolescência também se separou. Também abriu mão da suposta segurança que seu marido bem situado financeiramente lhe oferecia. Hoje mora com seu filho noutra cidade, maior. E palmilha seu próprio caminho – construindo-o ao caminhar, como na frase famosa atribuída ao poeta sevilhano António Machado. E dá jeito em seus problemas, e encontra as suas própriassoluções, e aprende as suas lições, e tenta, busca, luta, se reinventa, experimenta, vive. Fazia muitos anos que eu não a via e foi ótimo perceber que ela está mais bonita do que nunca – e mais jovem, mais radiante, melhor com a idade do que sem ela. Acho que boas decisões de vida fazem bem à saúde. Fazer o que deve ser feito faz bem para a pele.

Minhas duas amigas queridas abriram mão da velha ideia do conforto feminino, à sombra de um homem, para irem à luta e serem elas mesmas. Eu as respeito muito por isso. Por terem tido a coragem de ser quem realmente queriam ser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário